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Práticas pedagógicas de Espanhol, envolvendo estudantes do ensino médio e do Centro de Línguas (Celem) do Colégio Estadual do Paraná, evidenciam como, a partir do estudo de um idioma, é possível (e necessário) a abordagem de temáticas de sociedade e cultura.

Durante a Semana da Consciência Negra, por exemplo, uma atividade promoveu debate e reflexão sobre racismo criativo. 

A convite do professor Gilson Rodrigo Woginski, estudantes das turmas 3ª A do ensino médio, e do 2ºC, 2ºD e 4ºA  do curso de Espanhol do Celem, inclusive integrantes do Coletivo Preto do CEP, trouxeram suas perspectivas.

Tratou-se de um momento de reflexão e acesso à informação em sala de aula relacionada à educação das relações étnico-raciais. Isso inclui, explica o docente, “o letrar-se para questões de identidades sociais de raça, como o caso das escolhas lexicais e seus efeitos de sentidos; e ainda o racismo recreativo, expresso no discurso de que 'solo ha sido una broma' ('só foi uma brincadeira').”

“A área da linguagem também é responsável por educar cidadãos que sejam críticos e reflexivos sobre como o racismo está estruturado na sociedade, com já afirmava a professora e pesquisadora doutora Aparecida de Jesus Ferreira em sua obra ‘Letramento racial crítico através de narrativas autobiográficas. É a partir dessa perspectiva que as aulas de Língua Espanhola são organizadas”, explica Gilson.

Confira depoimentos dos estudantes:

• Julia Beatriz Armandio dos Santos (3º A): “foi muito importante para mim poder participar das aulas de Espanhol e do Coletivo Preto, que sem dúvida me faz me apaixonar ainda mais por esse idioma e pela questão racial. É de suma importância abordar esse tema dentro do ambiente escolar e o professor Gilson conseguiu fazer isso de uma forma super leve. Obrigada pela oportunidade, professor!”
• Helisama Ribeiro de Souza Gomes (2ºD):  “para mim foi muito importante ter tido a abertura desse espaço para falar sobre algo que não nos é ensinado no ensino regular, e ainda mais importante ser em uma aula de Espanhol no Celem justamente pelo recorte da cultura latina”.
• Gabriela Govaski do Nascimento (2ºD): Gabriela: “foi uma experiência diferenciada, nunca pensei que esse tema seria abordado dessa forma em uma aula de Espanhol no Celem, a forma como o assunto foi abordado com clareza. Um fato que fez a aula se tornar mais interessante foi a oportunidade em que eu pude contar das minhas experiências e tive um momento meu de fala. É muito importante a nossa participação e verificar como as pessoas nos olham com mais atenção, e como já é o assunto que está sendo tratado na aula, a nossa fala e experiências completam mais ainda a aula. Espero poder ir em mais oportunidades como essa”.

Também esteve na atividade o estudante Juan Pablo Bermudez Vargas, do 3ºB, que integrou a Akomabu, equipe do CEP que participou neste ano da 1ª Olimpíada Brasileira de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena (Obereri) (relembre aqui).

“A aula ministrada pelo professor Gilson da qual tive oportunidade de participar com a turma de nível 4 do Celem, foi uma experiência gratificante, trazendo dados e debates sobre diversos temas, além de demarcar a importância do estudo e desenvolvimento da educação étnico-racial, não somente no CEP mas no Brasil. Nessa aula tive o privilégio de poder apresentar meus conhecimentos sobre o tema abordado, na minha língua materna, o Espanhol, o qual nos revela a proximidade da cultura originária e preta, e assim, as origens da civilização do continente americano”.

COLETIVO LGBTQIAPN+

Na II Mostra de Conhecimentos do CEP, realizada em 4 de novembro último, foram apresentadas ações desenvolvidas de forma conjunta entre Espanhol e Coletivo de Estudantes LGBTQIAPN+, do mesmo CEP. 

A prática pedagógica deu continuidade ao debate sobre diversidade sexual, orientação sexual e identidade de gênero, conforme explica Gilson.

“O coletivo”, discorre o docente, “se coloca como um espaço seguro de apoio, diálogo, representatividade, acolhimento e resistência dentro do contexto escolar e de combate a eventuais abandonos escolares devido questões da sexualidade (construção social e cultural). Cabe destacar que pesquisadores como Foucault nos lembram que escolas são aparelhos de normalização e suas normas institucionalizadas regulam corpos e criam ‘visibilidades’ que sancionam desvios. Também, Judith Butler problematiza a naturalização do gênero que é quando a escola impõe práticas que pressupõem correspondência entre corpo e identidade reforçando uma norma performativa que pune quem não ‘se encaixa’. E ainda Guacira Lopes Louro, quem afirma que a escola deve intervir para garantir ambientes de aprendizagem que reconheçam a diversidade de gênero e promovam o desenvolvimento sem violência simbólica ou física”.

Para o estudante Mark Borges Fantini Volanski, da 1ª série do ensino médio e integrante do Coletivo LGBTSdoCEP, “representar o coletivo na Mostra de Conhecimentos do nosso colégio foi algo incrível que, com certeza, abrirá novos caminhos para todos nós, como coletivo”.

O estudante ressalta: “Foi uma experiência única, apresentar o coletivo e todo nosso conteúdo para as pessoas que visitavam, estudantes, professores, pedagogos e funcionários. Todos foram muito atenciosos e respeitosos, sempre sendo parceiros e apoiando nossa luta. Com certeza nos faremos presentes em outros anos novamente”.

INTERCULTURALIDADE

Também na Mostra de Conhecimentos do CEP, estudantes de Língua Espanhola do Celem (nível 1) elaboraram jogos de cartas educativos. As atividades despertaram curiosidade e promoveram a interação entre estudantes e visitantes. 

Identificar países hispano-falantes e nacionalidades esteve entre os objetivos. Também foi incluída a temática intercultural relacionada ao Día de los Muertos, do México.

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