Os Sete Estudantes que Deixam tudo em Ordem para o Dia Seguinte 07/12/2022 - 16:14

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Sabe aquelas cenas de torcedores japoneses, recolhendo todo o lixo das arquibancadas em estádios e
ginásios, em grandes eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas? Pois não é preciso ir nada longe, nem
esperar ocasiões especiais, para encontrar exemplos de cidadania e solidariedade assim.


Aqui mesmo no Colégio Estadual do Paraná há um grupo de estudantes do ensino médio noturno que,
todas às noites, depois que soa o sinal da última aula, faz questão de deixar tudo em ordem para o dia
seguinte.


São eles o Arthur Takareshi Honji Elízio de Souza e o Isaque Martins de Souza, do 1° A; o Gabriel
Douglas Tavares do Carmo, o Matheus Sanches Martins e o Kevin Eduardo dos Santos, do 2o A; e, por
fim, o Leandro Ryuki Honji Elízio de Souza, do 3º B, Andryus Lucas da Silva Milano, 2º - A.


Terminada a quinta e derradeira aula da noite, eles começam os trabalhos: organizam as carteiras em
fileiras, fecham janelas e cortinas, desligam televisores e computadores, recolhem papéis e outros detritos
que eventualmente ficam pelo chão. Não raro, encontram objetos esquecidos, e dão a destinação correta
para que sejam localizados pelos seus donos.


Esse mutirão é realizado em todas as oito salas da ala ímpar do segundo andar, onde no noturno se situam
as turmas do ensino médio (também ali estão três turmas do Técnico em Administração, subsequente).
A “geral” leva em torno de 15 minutos. Passa das 23 horas quando o gesto diário de respeito ao próximo é
finalizado.


A iniciativa começou logo nos primeiros meses do ano letivo de 2022. A ideia partiu do Matheus. Ele
conta:


“Uma vez, em um curso, um professor disse: ao sair de um lugar, tente sempre deixar melhor do que do
jeito que você encontrou, quando entrou. Então, tenho comigo essa mentalidade.”


Inicialmente, a arrumação era só em sua própria sala. À medida que colegas tomaram conhecimento da
ação, foi-se constituindo o grupo hoje formado por sete jovens, com idade entre 16 e 19 anos. Assim, a
organização de final de noite passou a ser feita nas salas vizinhas também.


A consciência dos estudantes é esta: horas depois, na manhã seguinte, colegas vão ocupar aquele espaço.
Por que não contribuir para que esses estudantes desfrutem de um ambiente bem cuidado? O grupo
considera que é muito puxado para que as agentes educacionais possam deixar tudo organizado a tempo.


A tarefa é realizada com disposição, alegria e interação. Enquanto vão fazendo o serviço, conversam,
brincam e, não raro, cantam. O repertório é amplo: pagode, música pop, hinos de louvor. Apagada a
última lâmpada, dirigem-se, juntos, para o ponto de ônibus, de onde cada um segue rumo a suas casas.


Orgulhosas dos estudantes, a professora Leisa Moreira Melhoretto Niehues, diretora do turno da noite, e a
pedagoga Mônica Cristina Soares, auxiliar da direção, viram de perto a iniciativa nascer, e reparam como
a ação tem feito bem para o grupo. Os jovens estão mais integrados, comunicativos e participativos no
processo de ensino aprendizagem, observam elas.


Quem, logo no início, assistiu à ação do grupo foi a agente educacional Marlene Krizizanovski,
responsável pelo encerramento do período na ala onde estão as salas dos estudantes. “Eles falam: ‘tia’,
pode ficar tranquila que a gente deixa tudo em ordem. São muito prestativos, caprichosos. São dez!”,
afirma.

Confira fotos de uma dessas noites. Nesse dia, dois dos integrantes do grupo excepcionalmente não
estavam presentes:

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Direção-Geral
Direção-Auxiliar do Noturno