Por que Joaquim Maria Machado de Assis? 23/04/2010 - 13:56
Por que Joaquim Maria Machado de Assis?
Estrada sinuosa, plena de aventuras e graças, é a percorrida por professores de Literatura Brasileira. Curvas fechadas, declives escorregadios e torturantes aclives que, ao cabo, podem proporcionar belíssimas visões de campos floridos, pomares prenhes de frutos, enseadas com praias cheias de sol... A vida explodindo... O suspiro satisfeito do trabalho que despertou leitores para o prazer da leitura e da descoberta literária.
O percurso traz, certamente, paisagens/alegrias que animam o levar adiante a aventura de instigar o gosto pela inteligência e sutilezas contidas em Machado de Assis, por exemplo.
Por que Machado de Assis?
Essa questão representa uma das curvas fechadas que o professor precisa percorrer, tal a sua frequência nas salas de aula, mesmo quando não expressas oralmente.
Por que Joaquim Maria Machado de Assis? O nome, num universo de Carolines e Robertos, remete a coisa antiga, velharias que agridem o novo.
Entretanto, subjacente ao nome e à linguagem antigos, brilha, incandescente, a luz do pensamento daquele que é considerado, universalmente, um dos maiores escritores do século XIX. Um clássico, cuja luminosidade continuará clareando o pensamento humano indefinidamente.
Assim, para além de planos e currículos escolares, a produção machadiana é, em si, a resposta. Seus romances e contos, em especial a partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas, traduzem o homem em essência, o homem que – independente do momento histórico em que se move ou do nível de linguagem que utiliza – carrega intrinsecamente toda sorte de beleza e horror / bem e mal, dicotomias características da espécie humana. O homem, em Machado, comporta em seu âmago, segundo Alfredo Bosi, “o equilíbrio (...) dos homens que, sensíveis à mesquinhez humana e à sorte precária do indivíduo, aceitam por fim uma e outra como herança inalienável, e fazem delas alimento de sua reflexão cotidiana”. (História concisa da Literatura Brasileira, p. 176)
Razões por que, mais importante que o nível da linguagem, o enredo, a velocidade da narrativa ou o espaço em que se movem, as personagens machadianas são o princípio e fim de todo interesse. A análise psicológica dessas personagens, a sutileza com que os íntimos dramas humanos são desvelados e expostos – ossatura nua de carnes e trejeitos que escondem o engodo e as deformações de caráter – , a fina ironia e humor cáustico com que elas refletem as relações sociais são os itens constitutivos da matéria a ser percebida pelos jovens.
É no decurso das leituras, debates, seminários e exposição de trabalhos literários que a linguagem, própria do século XIX, deixará de ser empecilho, para tornar-se desafio à imensa capacidade intelectiva com que esses jovens são dotados – como prova a desenvoltura demonstrada na apreensão e manejo de toda parafernália tecnológica dos tempos correntes – e, no final dos exercícios, o brilho da inteligência/percepção do valor literário e, naturalmente, o enriquecimento da capacidade de escrita com o uso de vocábulos que, ainda que antigos, pertencem à língua nacional e aí estão para apropriação mais que devida.
Colégio Estadual do Paraná
Professora Joana Amélia Sant’ Ana
Estrada sinuosa, plena de aventuras e graças, é a percorrida por professores de Literatura Brasileira. Curvas fechadas, declives escorregadios e torturantes aclives que, ao cabo, podem proporcionar belíssimas visões de campos floridos, pomares prenhes de frutos, enseadas com praias cheias de sol... A vida explodindo... O suspiro satisfeito do trabalho que despertou leitores para o prazer da leitura e da descoberta literária.
O percurso traz, certamente, paisagens/alegrias que animam o levar adiante a aventura de instigar o gosto pela inteligência e sutilezas contidas em Machado de Assis, por exemplo.
Por que Machado de Assis?
Essa questão representa uma das curvas fechadas que o professor precisa percorrer, tal a sua frequência nas salas de aula, mesmo quando não expressas oralmente.
Por que Joaquim Maria Machado de Assis? O nome, num universo de Carolines e Robertos, remete a coisa antiga, velharias que agridem o novo.
Entretanto, subjacente ao nome e à linguagem antigos, brilha, incandescente, a luz do pensamento daquele que é considerado, universalmente, um dos maiores escritores do século XIX. Um clássico, cuja luminosidade continuará clareando o pensamento humano indefinidamente.
Assim, para além de planos e currículos escolares, a produção machadiana é, em si, a resposta. Seus romances e contos, em especial a partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas, traduzem o homem em essência, o homem que – independente do momento histórico em que se move ou do nível de linguagem que utiliza – carrega intrinsecamente toda sorte de beleza e horror / bem e mal, dicotomias características da espécie humana. O homem, em Machado, comporta em seu âmago, segundo Alfredo Bosi, “o equilíbrio (...) dos homens que, sensíveis à mesquinhez humana e à sorte precária do indivíduo, aceitam por fim uma e outra como herança inalienável, e fazem delas alimento de sua reflexão cotidiana”. (História concisa da Literatura Brasileira, p. 176)
Razões por que, mais importante que o nível da linguagem, o enredo, a velocidade da narrativa ou o espaço em que se movem, as personagens machadianas são o princípio e fim de todo interesse. A análise psicológica dessas personagens, a sutileza com que os íntimos dramas humanos são desvelados e expostos – ossatura nua de carnes e trejeitos que escondem o engodo e as deformações de caráter – , a fina ironia e humor cáustico com que elas refletem as relações sociais são os itens constitutivos da matéria a ser percebida pelos jovens.
É no decurso das leituras, debates, seminários e exposição de trabalhos literários que a linguagem, própria do século XIX, deixará de ser empecilho, para tornar-se desafio à imensa capacidade intelectiva com que esses jovens são dotados – como prova a desenvoltura demonstrada na apreensão e manejo de toda parafernália tecnológica dos tempos correntes – e, no final dos exercícios, o brilho da inteligência/percepção do valor literário e, naturalmente, o enriquecimento da capacidade de escrita com o uso de vocábulos que, ainda que antigos, pertencem à língua nacional e aí estão para apropriação mais que devida.
Colégio Estadual do Paraná
Professora Joana Amélia Sant’ Ana